sexta-feira, 25 de abril de 2014

A transgressão de perguntar à alguém desconhecido "tudo bem, e você?"!!!

Na era do individualismo, ser gentil com desconhecidos causa estranhamento


Esses dias, estava eu na fila do restaurante da USP (o famoso "bandejão") quando um amigo me apresenta a outra pessoa, e, ela perguntou a mim a frase corriqueira: "oi, tudo bem?", e eu respondo com naturalidade: "tudo, e com você?". Ao responder dessa forma, essa pessoa ficou bastante surpresa com a minha postura, o que ficou demonstrado no seu olhar à mim, e perguntei o porque do choque. Ele me responde desta forma: "as pessoas nos dias de hoje jamais perguntam "e você?", apenas respondem "tudo bem".
Isso me fez refletir sobre algumas questões importantes, de como as pessoas vem perdendo os modos, a compostura e as maneiras de tratar os seus semelhantes. A deferência com o próximo tem sido cada vez mais relegado ao segundo plano, visto como algo obsoleto, anacrônico, descabido e "careta" por alguns. Em vez de uma deferência rígida a nossa sociedade age com uma indeferência insolente.
Em uma sociedade atomizada, onde o indivíduo tem a possibilidade de se desvincular de seus laços tradicionais e criar e recriar, construir e destruir infindavelmente suas identidades dentro do espaço-tempo limite de sua vida, a tradição e valores também sofrem o mesmo processo de revaloração, redimensionamento e de desvalorização. Isso em seu lado positivo permite que o ser possa ter um leque maior de escolhas de quem ser, do que quer ser e de como deseja se portar e moldar-se. A moda é um exemplo social claro dessa maleabilidade da identidade contemporânea, fruto de uma cultura igualitária que permite a intercambialidade de .
Porém, em seus aspectos peversos, esse desenraizamento do indivíduo, fruto de uma hipermodernidade (discordo do uso do termo “pós-modernidade”, estamos, ao meu ver, vivendo apenas uma nova nuance do processo de modernização, não vivendo uma superação desse processo – talvez de aspectos dele) desenraizadora e atomizante, justamente por ser “fluida”, como diria Zygmunt Bauman, fragmentando as relações tradicionais, também se perde o interesse pelo outro, pois esse ser é fugídio, passageiro na vida de cada um, não mais sendo uma figura presente como componente integrante da vida dos indivíduos, seja por vínculos familiares, hierárquicos, trabalhistas ou sociais.
Essa não-vinculação social tornou-se obsoleto todos os tipos de protocolos, deferências, signos que diferenciam os outros através dos gestos, vestuário, jeito de andar, passando a ser vistos não mais como parte da formação e do lustro intelecto-comportamental do ser, mas apenas símbolos de poder e de diferenciação que cabe serem quebrantados pela sociedade igualizante, porém, não igualitária.
Se um homem durante o Antigo Regime era diferenciado e criado de acordo com o estamento de nascença (os protocolos e ritos nobres da corte como exemplo) e o homem moderno do século XIX e XX pelo mérito de obter uma posição de destaque dentro da sociedade, na sociedade hipermoderna nada disso deve se manter erguido. Tanto a posição de nascimento tanto o mérito são atacados por acadêmicos e o establishment (imprensa, filmes, novelas) como manifestações de uma dominação elitista na sociedade, que deve ser prontamente abolida, ou ao menos restringida ao máximo possível.
O que se vê no lugar de diferenciadores como o nascimento e o mérito é o culto ao homem mediocritas, o homem mediano e medíocre. Para que isso possa se realizar, cabe destruir a ideia das claras diferenciações da alta e baixa cultura, negando em princípio a cultura elevada como “elitista”, “reacionária” e buscando igualar a cultura vulgar (no sentido de comum) ao posto dos grande exemplo a ser seguido e reproduzido. Para isso, na língua, deve desaparecer o diferencial entre o que é culto e coloquial, dizendo ser “preconceito linguístico” ensinar a forma culta, reduzindo o papel da linguagem apenas a comunicação cotidiana. Agora o “nós vai” e “nois vem” passa a ter o mesmo valor do que os mais belos versos camonianos.
Na educação, ensinar às crianças o pensamento mais elevado de filósofos, literários e poetas que o mundo produziu passa a ser visto como uma educação que é “positivista” e “elitista” porque “não dialoga com a realidade destas crianças”. Então, ensinar versos do Mano Brown é o ideal para esse tipo de pensamento, Shekespeare e Homero no máximo, citados como seres distantes que um dia existiram, quase como se fossem seres de outro planeta, não escritores decisivos para a construção narrativa, de arquétipos de personagens e formológica de qual se deriva o pensamento e escrita ocidental.
Na música, letras de funk são elevadas a nível de “voz da periferia que fala da realidade”, enquanto melodias e letras de uma Elis Regina são apenas músicas enfadonhas que merecem ficar no ostracismo.
Com isso, não surpreende que vivemos um período onde a autora desses versos como Eu sei que você já é casado/ mas me diz o que fazer/ Porque quando a piroca tem dona é que vem a vontade de fuder/Então mama, pega no meu grelo e mama/Me chama de piranha na cama/Minha xota quer gozar, quero dar, quero te dar” seja considerada uma “grande pensadora contemporânea”, e que escutemos da boca de estudantes da maior universidade da América Latina, a USP, que fazer funk é tão difícil quanto fazer música clássica...
Se tudo é relativo e perecível, o tratar do outro como ser, e os sistemas organizados pelos homens durante o tempo para garantir que isso aconteça, tais como o protocolo, os atos e diálogos gentis (mesmo que sendo apenas meras formalidades) também o são. ara a hipermodernidade não passa de enfadonho ato que deve ser desconstruído Para igualitarizar as pessoas, como é típico, se mediocriza cada vez mais os homens, ou seja, vamos destruir esses códigos opressores que nos coagiam socialmente a ter um tratamento respeitoso a todos, que nos impunham regras de bom convívio coletivo em lugares como escolas, shoppings e praças.
A espontaneidade, indelicadeza, falta de respeito e educação ao apenas considerar a si mesmo e não o seu interlocutor tipica do “bom selvagem” é o que deve ser validado. Afinal, a alta cultura é algo elitista que deve ser destruído, ou neutralizado no seu valor e importância social e histórica como algo nefasto, por ser reproduzido principalmente nas elites econômicas e políticas, como se apenas esse fato a tornasse demoníaca e algo a ser evitado. E ao desconstruir esse aspecto da gentileza humana da vida, em nome da igualdade e de mediocrizar o homem, nos tornamos mais rudes com o próximo, tornando a vida cinza, mais feia e nosso cotidiano menos brilhante e menos interessante nas relações com o outro que nos cerca.
Hoje, ser gentil e sorrir para o outro é revolucionário, quase um ato político contra os efeitos nocivos dos excessos da atomização social. Dizer um “estou bem e você” à alguém pode lhe causar belas surpresas.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Voltando - para ficar

Olá possíveis leitores,

Após anos sem escrever neste blog, sinto a necessidade de compartilhar o que sinto, penso, e o que há de belo ou não no que vejo no mundo.

Portanto, voltarei a escrever, como um exercício para eu mesmo poder me expressar e aprender neste processo.

Espero que meu pensamento encontre eco em algum espírito que pense, seja divergente ou semelhante aos meus pensamentos, ou um misto dos dois mas que seja um espírito pensante.

Abraços à todos.


terça-feira, 15 de março de 2011

Reflexões do Coração 1.

Precisei ir ao inferno para contemplar a beleza do céu.
Esses dias eu estava muito ansioso quanto ao amor romântico: quando será que o homem aparecerá? Quando serei feliz com alguém ao meu lado que me mereça? Será que Deus me abençoará?
Todas essas dúvidas assolavam meu coração. Quando a dúvida vem, se não temos o equilíbrio proporcionado pela fé cometemos desatinos.
Foi o meu caso. Busquei sexo fácil pensando que desta maneira encontraria o amor e o que me preencheria. Encontrei algumas pessoas legais, mas essas não me servem para algo maior. Não porque sejam ruins ou não tenham capacidade para tal coisa. A questão é que por mais que a pessoa seja boa, estando no lugar errado ou começando a relação de maneira equivocada, a coisa dificilmente poderá dar bons frutos. O começo é muito importante, pois ele determina os vínculos iniciais, que são fundamentais para que se gere confiança, amizade, companheirismo ao longo do relacionamento. Se a base não é concreta, a edificação tende a ruir. A maior parte só tinha o corpo de belo, mas ao conversar, conhecer fragmentos de sua alma, percebia que faltava algo superior: uma alma tão bela quanto seu corpo, faltava valores morais edificantes, que devem ser a base da construção de um relacionamento. Como pode ter um relacionamento com uma pessoa que possui valores torpes e equivocados sobre a vida? Que acha que se relacionar é apenas uma convenção, que está com o outro por valores totalmente superficiais, como corpo, a pessoa ser legal e ter sexo fixo. Não que essas questões não tenham sua importância, mas elas não podem ser tomadas como base, são adornos que não é o o núcleo rígido, mas questões mutáveis e configuráveis.
O meu primeiro erro nesta equação toda foi buscar amor. O amor não se busca, ele acontece. O único amor que devemos buscar nesta vida é o de Deus, pois todos os relacionamentos que temos nesta Terra deve ser tríplice, com a bênção de Deus deve ser a base de todas as relações. Buscando o amor de Deus, as outras coisas serão acrescentadas a seu devido tempo, inclusive o amor romântico. O que achamos que um homem pode nos proporcionar não é ele que proporciona, mas sim Deus através desta pessoa, que nos coloca ao lado da pessoa adequada a nós. E este adequado não é uma pessoa perfeita, pois ninguém o é mas sim uma pessoa que caminhará conosco não porque nos pertence, mas porque é companheiro, estará conosco porque há amor, respeito e carinho, mesmo nos momentos difíceis.
O meu segundo, e certamente o maior erro, foi colocar no lugar de Deus o homem. Se colocamos no centro da nossa vida qualquer coisa que não seja Deus, temos uma chance grande de falhar em nossas escolhas, ou tomarmos caminhos escusos. O que idolatramos mostra o que colocamos como centro da vida. No fim aquilo não é suficiente para preencher o que há dentro, pois é só preenchivel pela espiritualidade, pois ela é o centro para que as coisas aconteçam de maneira correta. Não significa que não se terá alegrias e dores, paz e guerras, mas sim que terá as coisas vistas de maneira diferente, que te possibilita a saber que a vida é mutável e que diante da mutabilidade da vida não estamos sós, mas sempre acompanhados. Permite saber que a única imutabilidade não reside na Terra, onde os corpos nascem e morrem, as montanhas somem e aparecem, continentes que outrora eram unidos hoje vagam pelo oceano, onde tudo tem seu tempo de duração limitado, mas sim naquele que jamais muda. Esse deve ser o centro, e tudo será acrescentado depois. É essa a história que as religiões querem contar, onde as narrativas teológicas encontram seu vértice comum, seu ponto de cruzamento. A espiritualidade é o que há de porto seguro em um mundo onde o efêmero é a norma e a constância vista como crime.
Por essas razões acordei do meu engano e abri o terceiro olho de sua cegueira, para enxergar essa realidade e comprovar que o amor que quero terá que vir de Deus, que a busca por ele é trazer ao centro um amor que não é o de Deus, mas sim a visão humana achando que Ele é menos capacitado que você para lhe dar o que Deseja. Para finalizar este post, parafraseio Mateus: "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas as outras coisas lhe serão acrescentadas" Mateus 6:33.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Review de álbum: Marina de Oliveira - Na Extremidade


O 17º álbum de Marina de Oliveira, Na Extremidade, lançado em Junho de 2010 e ganhador do Grammy Latino de melhor Álbum Cristão em Língua Portuguesa, foi bastante marcante. Após a tragédia pessoal na vida dela, com a morte de seu genro, irmão e marido em Fevereiro e Março de 2010, este CD foi gravado em tempo recorde, como se a cantora quisesse através da música e da adoração a Deus consolar-se das perdas duras que lhe ocorreram. O trabalho em si ficou primoroso. Não escutei outros álbuns inteiros de Marina, ela é uma cantora de voz limitada se comparar com outras cantoras gospel como Fernanda Brum, Jozyanne, mas a produção do álbum aproveita ao máximo o que vocalmente a cantora pode oferecer, deixando-a cantar sem ter tantos efeitos que sintetizem ou escondam sua voz.

O metal e rock são os ritmos predominantes, tendo espaço ainda pra baladas e músicas congregacionais. As letras são belas, simples mas bem elaboradas, refletem uma espiritualidade já amadurecida e em geral, otimista, mesmo na dor e na provação, onde devemos nos entregar ao amor de Deus sem questionar, apenas confiar, como demonstra a faixa “Na Extremidade”, onde a cantora fala que Eu não preciso entender / O que só minha fé é capaz de explicar / Apenas tenho que entregar o meu melhor e adorar.

Vamos à análise faixa por faixa.

1- Na Extremidade

Em uma balada pop rock simpática, bem ao estilo de Here It Comes Again de Melanie C, é uma ótima escolha para música de trabalho, pois une a sonoridade comercial com qualidade de produção e uma letra interessante. Aqui, Marina fala da adoração que devemos ter a Deus, que entregou seu melhor a nós, no caso Jesus Cristo, como devemos ser gratos a ele por isso, e por esse motivo, devemos ir à extremidade da adoração e entregar o máximo de nós a Deus. Nota: 10/10

2- Migalhas

Com um título esquisito a princípio, a música é um rock de uma leve inspiração punk. Não dá vontade de ficar parado ao ouvir a música. Ela já começa a música gritando “Eu sou Herdeiro, eu sou de Deus”, e a partir daí, a guitarra rola solta, e a voz de Marina encaixa bem com a sonoridade simples da música, principalmente no refrão que gruda e de repente nos pegamos cantando “não comerei migalhas, migalhas na mesa do rei”. Ótima musica. Nota: 8,5/10

3- Chama Por Você

Uma das minhas prediletas do álbum é interessante pelo pouco refinamento da voz de Marina na faixa, o que longe de deixá-la ruim, a deixa muito interessante, pois combina com o rock meio punk da música e dá um charme que as algumas faixas da Pitty possuem. Mesmo as desafinadas em partes da música são interessantes. Essa música com um vocal perfeito certamente não seria tão boa. A letra fala sobre o chamado de Deus, que temos de atendê-lo o mais rápido possível, pois com diz a cantora “você não sabe quanto tempo você tem”. Nota: 9,5/10

4- Governa-me

Uma balada estilo country bem interessante, lembra bastante Nobody´s Perfect da Madonna, mas com a diferença que Marina usou muito menos recursos eletrônicos para distorcer a voz, ou mesmo as baladas de Shania Twain. A letra da música é linda, que fala para Deus tomar a direção de nossa vida, pois ele como ser eterno sabe o que é melhor para nós, e quando decidimos andar sem sua direção, a vida segue uma maneira equivocada. Certamente essa música não será do gosto de todos, mas a letra é de uma reflexão espiritual impar: Deus, não quero limitar minha fé / Nas forças do meu coração / Meu mundo é feito de razões e emoções / Deus,teu plano sempre é o melhor / E o meu às vezes vira pó / Poeira espalhada pelo vento vagando só. Nota: 9/10

5- Amor Incorruptível

Novamente bebendo na fonte do rock pop, o ritmo dessa música certamente cairia bem para o Capital Inicial. A letra alerta contra o amor veiculado pela mídia, que não é o amor descrito por apóstolo Paulo em 1º Coríntios 16, mas sim um amor possessivo e cheio de condições, com resultados geralmente funestos. Deus nos exorta a não ter esse tipo de sentimento. Marina diz na música: Não quero um amor das telas de cinema / Das cenas de novela, amor banalizado / Não quero um amor vagando no meu peito / Que se mistura ao ódio, que se rende ao preconceito. Nota: 9/10

6- Força do Senhor

Certamente tem um começo de uma balada sonolenta, mas no refrão, as coisas ficam melhores, pois fica um pouco mais vivo, com os backing vocals dando um ar de grandiosidade épica à música. Se conseguir manter-se acordado durante a parte inicial ad música, conseguirá escutar uma letra muito bem elaborada, que reflete a dor que Marina está passando em sua vida: Na vida há momentos / Que nos levam a olhar pra trás / E parece que as barreiras e a dor
São bem mais forte do que eu posso crer / Mas eu sei / Eu sei que o remédio para mim é me entregar / Que o lugar da minha vida é o teu altar / E é lá que vou sarar meu coração
Onde irei? se tudo que eu preciso está em ti / Se apesar da minha dor, em frente eu vou seguir.

Nota: 8,0/10

7- Terceiro Dia

Retornando ao estilo rock, esta música fala da ressurreição de Cristo, falando da frustração que o Inferno teve ao ver Cristo ressuscitar. Boa música, seria muito interessante ela na voz de uma Avril Lavigne, pois a música é bem seu estilo. O melhor da música é o solo de guitarra no final dela, muito interessante. Nota: 8,5/10

8- Nas Madrugadas

Música sonolenta e chata chama pouca atenção. Os vocais fracos da cantora não dão realce algum à música e a letra é boa, mas simplória. Típica faixa enche-lingüiça. Nota: 1 /10

9- Renunciar

Mais uma música de influência punk, é bem gostosa, e a letra fala de uma maneira jovem e inteligível que devemos renunciar ao erro para sermos consagrados em Deus. A simplicidade da letra neste caso não compromete o resultado, ao contrário, o edifica, pois o faz de uma maneira inteligente, que certamente contribui para seu trabalho alcançar públicos mais jovens. Nota: 9/10

10- Boas Novas

Mistura do gospel típico de igrejas norte-americano com rock, uma música de sonoridade peculiar, com um uso magistral da guitarra. Por mais que a letra seja manjada e fraca, a música em si é excelente e contagiante, mais uma que gruda aos ouvidos. Nota: 9,5/10

11- Ofício Adorador

Linda balada, vale destacar mais uma vez o trabalho da guitarra no refrão, que não abafa a cantora, e se mostra nos momentos corretos. Foi um trabalho mais harmônico de todo o álbum, tem tudo para ser um hit. Tranquilamente poderia ser também uma música de trabalho e título do álbum. O louvor desta música é simples e ao mesmo tempo profundo marcado de frases lindas e fortes, como Vem, tira as escamas que atrapalham minha visão. Demonstra insatisfação com a condição mundana, mas mesmo assim, não desiste da adoração, e a torna o maior ofício de sua vida, como demonstra o simples, mas tocante refrão: Pai, transforma-me, não me aceito como estou / Meu ofício é adorar-te, meu senhor / Quero renascer como todas as manhãs no teu amor. Esta música prova que para fazer uma grande canção não é necessário ser rebuscado, às vezes o simples é o mais eficiente. Nota: 10/10

12- Ferida Aberta

A melhor música do álbum, esta balada é como um diamante escondido no fim de um baú cheio de tesouros. Certamente a melhor música gospel do ano, a canção fala sobre se entregar a Deus mesmo nas maiores tribulações e perdas na vida. Quando estamos no chão, não temos ninguém, a não ser Deus que nos mostra o caminho da superação e do fortalecimento. Certamente falando das perdas recentes de Marina, a letra da música é pungente e dolorosa quando ela canta: Vem me abraçar, Senhor / Mesmo que saia de mim só gemidos / Quem sabe assim a ferida começa fechar.

Diferentemente da maioria dos outros álbuns gospel, que se encerram com uma mensagem positiva, este se encerra com um sentimento de dor latente a superar, quase palpável em seu sofrimento profundo. Ou talvez, ali se veja, por trás desta dor, algo de positivo sim, pois apesar das dores, não deixa de adorar e amar a Deus, e põe nele a confiança. Não pergunta por quês ou reclama, apenas confia nele e adora, e o pede consolo na dor, pede a Cristo ajuda para carregar a pesada cruz. Na verdade, com essa música, fecha-se como um círculo perfeito a mensagem do álbum, que retoma o que foi dito na primeira musica, “Na Extremidade”, onde Marina canta: Eu não preciso entender / O que só minha fé é capaz de explicar / Apenas tenho que entregar o meu melhor e adorar. Nota: 10/10

O álbum é muito bom, conta com uma produção primorosa, simples e leve. As letras não são complexas, são simples, mas longe de serem tolas ou repetitivas. Há uso de clichês gospel, mas são feitos de maneira sábia, tendo cada música seu enredo bem construído. Os arranjos também foram simples, mas, porém, de um requinte admirável, principalmente para um CD feito às pressas. A cantora tem uma voz limitada, o que afasta muitos de suas músicas, mas neste álbum a sua voz se encaixou perfeitamente, como se essas musicas fossem moldadas para ela e nenhuma outra cantora poderia fazer este trabalho com essa qualidade., independentemente de suas capacidades vocais Parabéns para Marina, que, ao contrário do que muitas opiniões colocaram, realmente mereceu levar o Grammy por este álbum muito bem produzido.

Melhores Faixas: Na Extremidade, Migalhas, Chama Por Você, Governa-me, Ofício Adorador, Ferida Aberta

Piores Faixas: Nas Madrugadas

Nota para o álbum: 9/10

domingo, 2 de janeiro de 2011

Feliz 2011

Eu desejo à todos um Feliz 2011, que Deus esteja com todos nós, nas nossas lutas e alegrias, nos dando sabedoria para suportarmos todas as situações, e sabermos servi-lo acima de tudo, e todas as coisas nos serão acrescentadas.

Para 2011, desejo que Deus toque a todos no íntimo, e deixe a sua verdade aparecer, o amor aflorar, que aprendamos com Jesus e os grandes homens de espírito da humanidade a como amar. Que aprendamos a amar sem esperar nada, com o diria Francisco de Assis, em sua famosa prece, “é melhor amar do que ser amado (...) pois é dando que se recebe”.

Para todos, deixo essa bela música da Eyshila, Pela Santidade de Deus. Como diz a letra desta musica signifcativa, desejo que Deus toque-nos em todas as esferas de nossas vidas e que troquemos o pecado pela santidade de Deus.


Cliquem abaixo para ouvir a música de Eyshila, Pela Santidade de Deus:

http://www.youtube.com/watch?v=iZnCNom_alk

O que queres de mim, Senhor?
O que queres da minha vida?
Qual é o caminho que eu tenho que seguir?
Qual é o meu chamado, a minha missão em Ti?
O que queres da minha casa?
Em que sonhos podemos investir?
Qual é a história que tu queres escrever pra mim?
Pra que essa geração te ouça
E também responda “eis-me aqui...”
Toca em minha vida, toca em minhas mãos
Toca em meus lábios, Senhor
Toca em minha casa
Com a Tua brasa de fogo purificador
Toca em meus olhos, toca em meus ouvidos
Toca em cada sentido meu
Pra que as famílias troquem o pecado
Pela santidade de Deus
Toca em minha vida, toca em minha casa
Toca em Tua igreja com a tua brasa
Toca em minha vida, toca em minha casa
Toca em Teus filhos, Senhor, com a Tua brasa

domingo, 10 de janeiro de 2010

A Fortuna é uma deusa que cobra caro seus favores.


Fortuna, ambígua e traiçoeira, derramando seus favores


Quando a França perdeu a Guerra dos Sete Anos, marquesa Pompadour era a amante do rei e uma das principais articuladoras políticas da França, sendo ela tida como a grande responsável por levar o país ao conflito armado contra a Inglaterra e Prússia.

De um dia para o outro, sua sorte modificou-se. De mulher requisitada nas decisões do Estado, passou ao segundo plano. De liderança política destacada, passou a ser mera sombra vagante em Versalhes. De influente, passou a ser ignorada. De senhora da alcova real, passou dela a ser repelida, pois em seus dias áureos de beleza se foram, e com eles, a influência política junto ao monarca. Por isso, com razão, disse Pompadour que a Fortuna é uma deusa que cobra caro seus favores.

A nossa vida cotidiana demonstra a veracidade de tal frase regularmente.
Quantas pessoas que, em um dia estão sendo abençoadas com todas as glorias terrenas, com tudo o que pode ser concedido a alguém, pra no outro dia, sem aviso, cruelmente e tão rápido quanto uma fagulha se acende e apaga, cair essas pessoas.

Quando estamos inebriados de um sentimento ou de uma posição, seja esse sentimento o amor, a glória, a honra, a paixão, ou essa posição seja a riqueza, a de um status elevado, mais tem prazer a vida de ministrar o desfacelamento de tal pessoa. Ao homem não é dado ter constante tranquilidade, despreocupação e paz. Toda a vez que o faz, em vez de estar se encaminhando para um porto seguro de paz e prazer, encaminha sua nau, inadvertidamente, para caminhos tortuosos e mares tempestuosos, e seu navio está mais perto do naufrágio do que se pode imaginar.

De uma mão a Fortuna fornece todas as honras e glórias, jorra todas as maravilhas da Terra, todos os sonhos ditosos são realizados. Mas tal realização não faz mais do que deixar os homens frouxos e incautos, seguros de si e crentes na perenidade de sua posição. Mas após entorpecer espírito humano com lisonjas e favores, a mão beneficente para de derramar o doce mel de prodigalidades, e a outra mão retira todos os benefícios outrora concedidos, tão rápido como uma piscadela de olho, o homem, outrora elevado, se vê rebaixado a um grau mais baixo do que os mendicantes.
Ao menos, a maior parte desses últimos não conheceram os favores da Fortuna, e menos doloroso é tal posição dos que jamais deixaram a escuridão da caverna do que aqueles que conhecem a luz e a vastidão do lado de fora, ter que se contentar com a escuridão, as frias e estreitas paredes de pedra da caverna. Um verdadeiro ser humano, com sentimento de ser humano, que conheceu a luz, jamais conseguirá se contentar com as trevas. Não há tragédia humana mais pungente do que a patética, mas ao mesmo tempo gloriosa busca daquele que, desvalido dos favores da Fortuna, luta para aos seus pés novamente receber o quinhão que se acha merecedor.

Como um ferro que para ser moldável e receber a martelada que vai modificar para sempre seu formato, passa pela forja afim de que o calor possibilite tal transformação, assim somos nós nas mãos da Fortuna, com sua forja nos amolece e com sua martelada nos fustiga.

A Fortuna nos faz lembrar o quão mortais somos, o quão incerto são nossos dias e nossas vidas. Ela nos mostra que a despreocupação, o riso, a alegria e o amor também tem seu preço nefasto, por detrás da felicidade aparente, muitas vezes está se formando uma tempestade inaudita, que leva os homens consigo e não raro os destrói, tornando-os meras caricaturas do que foram, ou enrijecendo seus espíritos de uma maneira inédita.

Nenhum sentimento, nenhuma afeição, nenhuma posição são eternas, aliás, tal palavra foi criada apenas para enganar os desavisados e os tornar fracos a ponto de se deixarem manipular e baixar sua guarda, para que sua alma e coração sejam usados e manipulados de acordo com a diretriz de uma vontade alheia, e quando o doce sabor do devaneio cessa, tarde demais vê-se o quanto foi ludibriado por suas próprias ilusões, e elas, de doce, tornam-se uma jaula de onde o sonhador não quer escapar.

Para finalizar esse ode à Fortuna, vejam esses dois videos com quais encerro minha divagação:


Karl Orff: O Fortuna


Nami Tamaki: Fortune (Radiata Mix)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Review de Álbum: Koda Kumi - Trick


Trick, o sétimo álbum de Koda Kumi, foi lançado em Janeiro do ano passado.

Com fortes influências do pop tradicional, r&b, hip-hop e eletropop e baladas açucaradas, que são apanágios de Koda, é um album bem diversificado, tentando abarcar vários estilos musicais com sucesso.

A produção foi muito bem feita, soube dosar esses diferentes estilos sem se perder ou não dar uma identidade clara ao CD, como aconteceu no álbum anterior, Kingdom.

O CD começa com a faixa introdutória Introduction For Trick (faixas introdutórias são caracteristicas marcantes nos álbuns de Koda), um batidão estilo r&b realmente empolgante, que se interliga bem com Taboo, um eletropop muito competente e bem feito, ao meu ver, o melhor single de 2008. a música é inovadora por antecipar a tendência atual e anunciando o eclipse do perdominio do R&B no pop. Continuando a espiral dançante, Show Girl, música inspirada no estilo cabaré dos anos 30, mas com uma pitada mais pop, lembrando muito Hanky Panky de Madonna.

Começando com suas tradicionais baladas, Your Love, uma musica doce e cálida, e Stay With Me, forte, com vocais firmes e bastante emotiva e bem interpretada, demonstrando uma firmeza sentimental, são bons exemplares das musicas românticas de Koda, campo em qual ela costuma se destacar. Se não se aproximam de musicas como Yume no Uta ou Pearl Moon, ao menos são bastante boas para estar acima da média da maioria das baladas lançadas por outras cantoras dentro e fora do Japão.

Voltando ao estilo dançante em grande estilo com This Is Not a Love Song, uma musica de caráter ambíguo, ao mesmo tempo dançante e sombria, passa a impressão de uma alma conturbada com o fel da desilusão e inebriada de sentimentos de raiva por outra pessoa e de autoquestionamento, é ao meu ver, o ponto alto de Trick.

Driving, Hurry Up, Bling Bling Bling, batidões r&b, lembram bastante as musicas de Janet Jackson, são bem feitas e empolgantes, principalmente Bling Bling Bling, mas não são inovadoras, apenas seguem a tendência de um estilo que esá chegando ao fim de sua proeminência absoluta que teve nos ultimos 5 anos.

That Ain´t Cool, cantada em parceria com Fergie, é uma boa música pop, onde Koda faz o papel de coadjuvante, e Fergie brilha nos principais trechos. Penso que Koda tinha potencial para, no mínimo, dividir o brilho com Fergie. Quem ouve a música e não conhece Koda, dificilmente terá uma boa referência de suas capacidades vocais através desse trabalho. Certamente tiraram a proeminência de Koda por seu péssimo inglês. Para esconder sua pronúncia, usou-se em sua voz diversos recursos eletrônicos, que poderiam ser desnecessarios se ela cantasse em japonês.

Moon Crying é uma bela balada de Koda, que, mais uma vez competente ao demonstrar grande e pungente dor e emoção na música, vocalmente, uma das melhores dela.

A sessão das músicas com "bonitinhas" com mensagem positiva e alegre tem sua representação com Just The Way You Are e Joyful, bem parecidas com Koi no Tsubomi e Lick Me, embora inferior às citadas, são boas músicas e bem divertidas.

Ai no Kotoba é bonita e possui ótimos vocais, é uma balada bastante doce e terna, porém, imperceptivel dentro do contexto do album, parece que foi colocada lá apenas para preencher espaço, a única que destoa do contexto. Boa ouvindo individualmente, mas quando se ouve dentro do escopo do trabalho desenvolvido, não se destaca ou tem vida própria.

E para finalizar, Venus, cover da famosa música do Bananarama, um grupo dos anos 80, ficou bem desprentensiosa, cômica (por causa da péssima pronúncia do inglês de Koda) e vibrante. Um dos melhores coveres de Venus, bem melhor do que o que Victoria Beckham fez, por exemplo.

Um belo exemplar do J-Pop, esse álbum certamente é um dos melhores de Koda Kumi, revitalizando sua música, que vinha sendo repetitiva e decaindo em qualidade desde Black Cherry. Certamente esse trabalho é um divisor de águas pra Koda, apontando para o futuro sem esquecer suas essências que constituiram sua fama e seu nome. A produção foi mais esmerada que seus dois álbuns anteriorees e diversificou o estilo musical de seu trabalho, sem abrir mão de suas prerrogativas principais, a saber, o r&b e as baladas adocicadas.


MELHORES FAIXAS:

Taboo, This Is Not a Love Song, Stay With Me, Inroduction For Trick

PIORES FAIXAS:

Hurry Up

NOTA: 8,5